A cena (que pode ser vista no YouTube) de Lula usando, em meio a um discurso, a expressão “condição sine qua non”, e comentando “isso é pro Caetano ver como o Lula está” é uma cena adorável. Era sua reação a eu ter dito que ele era analfabeto. Ali aparece concentrado tudo o que há de irresistivelmente atraente no Lula de “Entreatos”, o filme de João Moreira Salles, que só vi anteontem. Curioso ver esse filme pela primeira vez agora. Lembro que Salles não quis que ele saísse em DVD durante o mensalão para não ser usado como arma contra o governo. De fato, a famosa cena de um antipático Dirceu falando de dinheiro com Gushiken e mandando parar a filmagem (e Salles sendo o alvo da fúria — e o Gilberto Carvalho, do sarcasmo — de Dirceu) cairia muito mal à época.
Gozado é que no mesmo dia em que assisti ao filme tive um encontro com Ana de Oliveira, que organizou um livro sobre o álbum “Tropicália ou panis et circencis”. O Décio Pignatari já tinha rido do erro no latim do subtítulo, falando em “provincianismo de vanguarda”. Eu mesmo comento tudo isso em “Verdade tropical”, onde volto até Wanderlino Nogueira Neto, meu querido colega do curso clássico. O fato é que se trata de um erro de verdadeiro analfabeto. O latim do Lula está mil furos acima do meu. Para dizer o mínimo. Me espanta que nem Torquato, nem Capinam, nem Gil, nem Tom Zé, nem Duprat, niguém tenha parecido notar. “Verdade tropical” foi publicado nos anos 90 e só nesse encontro recente me dei conta de que o erro era muito maior do que eu percebera. Ana de Oliveira foi quem me chamou a atenção para o “c” que sempre esteve ali em lugar do “s”. Mas como eu escrevi toda aquela conversa sobre a frase romana e não me dei conta de que maior problema do que o “is” em lugar do “es” era o “c” em lugar do “s”? A expressão correta é “panis et circenses”. Como é que isso se dá? Afinal eu conhecia o adjetivo “circense” desde sempre — e sabia que ele se escreve como “santamarense” ou “fluminense”. De onde me veio o “c” que está lá até hoje? Analfabeto é isso aí. Então os romanos diziam “kirkênkis” (sim, porque o “c” latino era sempre gutural: “Caesar”, por exemplo, era pronunciado “Káisar”)? É de amargar.
Eu sempre me orgulhei de ter feito tudo no album “Tropicália”. Sugeri as canções, compus muitas delas, escolhi “Coração materno” e “Três caravelas” para entrarem exatamente como entraram — e até escrevi os diálogos que aparecem na contracapa, “psicografando” Duprat, Rita, Torquato, Tom Zé ou Gil. Não será o erro grosseiro que dividirei com eles. Ninguém me alertou, é verdade (Xexéo era pequenininho), mas eu suponho que tenha sido por timidez. Cicero e Wanderlino, com quem conversei sobre o caso quando “Verdade tropical” saiu, nada me disseram sobre o “c”. E esses evidentemente estavam cientes (Wanderlino é juiz e filho de juiz, conhece a expressão latina desde que nasceu — e Cicero lê poemas e tratados em latim), mas são ambos demasiado amáveis para não evitarem me ver constrangido. Quando me dou conta de uma canelada dessas mais de 40 anos depois, não apenas dou razão aos jornalistas cariocas que se sentiam mal com a chegada desses baianos por aqui (provincianismo e “vanguarda”...): começo a desconfiar de que a paulista (quem disse que ela é paulista?) que exorta a elite urbana à violência contra os nordestinos, se está totalmente errada em relação a Lula e ao eleitorado de Dilma, está certa em relação a mim.
Senti grande alívio com o fim das campanhas. Primeiro supus dever-se isso à mudança na expressão da Dilma. De fato, o segundo turno nos deu uma Dilma cansada e pesada. Isso foi melhorando à medida em que as pesquisas confirmavam que sua subida, resultado do esforço redobrado da militância em todos os níveis, se mantinha. Mesmo assim, ela estar motivada exigia-lhe uma atividade que ela parecia não aguentar mais. Então, vê-la relaxada depois de eleita foi um encontro com alguém real: no lugar da boneca programada para sorrir e que resultara numa carcereira dura e gaguejante, surgiu uma mulher vocacionada para o mando a dizer coisas razoáveis. Um gozo, para quem já estava irado com as abominações do Tea Party à brasileira que rodeou a campanha tucana — de que a sugestão de, digamos, extirpar os nordestinos é um eco sinistro. Como é que a turma de Serra admtiu, incentivou ou produziu essa obscena volta da Marcha da Família com Deus pela Liberdade em versão virtual? Não gosto dessa marcha nem descrita por Elizabeth Bishop. Mas descubro que o uso universal do Photoshop produzia mais infelicidade. Photoshop é pior do que auto-tune. Talvez seja assim para mim, porque, apesar de viver de música, sou mais visual do que auditivo. Em meio à criação de timbres e ritmos em que se transformou a canção popular, uma voz humana afinada artificalmente é apenas um elemento a mais. Dá raiva a gente não poder mais elogiar mentalmente a afinação de um cantor novo cujo nome esperamos o locutor anunciar: ela não vem mais do talento de quem canta, mas da perícia no uso dos computadores. Muitos amigos meus conhecem logo se o auto-tune foi usado — e como. O pior é quando ele funciona como Photoshop: a voz da pessoa fica parecendo a pele das moças da “Playboy”. Mas no caso visual a coisa me incomoda mais. Os cartazes de campanha exibiam sérgios cabrais como se fossem coelhinhas, faziam das minhas ruas um trem-fantasma interminável. Sou um homem muito mais feliz sem eles.
O termo tropicália batizou o mais radical movimento cultural já surgido no país. Nada ficou de pé. Suas cores, aliadas ao som das guitarras, se opunham ao tom cinzento e ao conservadorismo musical das canções de protesto. As idéias sobre o Brasil embutidas nas letras dos tropicalistas minaram a divisão entre direita e esquerda, uma bipolaridade que só seria questionadas muitos anos mais tarde, com a queda do Muro de Berlim.
O álbum musical que marca o movimento é Tropicália ou Panis et circencis, de 1968, elaborado coletivamente por Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Os Mutantes, Tom Zé, Torquato Neto, Capinam e o maestro Rogério Duprat. Quatro décadas depois do seu lançamento, a pesquisadora Ana de Oliveira convidou escritores e artistas plásticos para reinterpretar, à sua maneira, cada uma das 12 faixas do disco-manifesto. O resultado foi reunido em um livro, que será lançado neste mês pela editora Iyá Omin. Entre os convidados, estão o renomado grupo assume vivid astro focus, liderado pelo artista brasileiro radicado em Nova York Eli Sudbrak, o compositor Jorge Mautner e o ilustrador Rico Lins. BRAVO! propõe um desafio a seus leitores. Identificar qual música inspirou cada ilustração (a que está ao lado é fácil, pois o título está escrito). Os textos de "adivinhação" são retirados dos ensaios que, no livro, acompanham cada ilustração. Para quem não se lembra das músicas, há trechos delas no site www.bravonline.com.br. As respostas estão na última página.
Acontece no dia 19, na Cinemateca Brasileira, em São Paulo, o lançamento do livro "Tropicália ou Panis et Circencis", de Ana de Oliveira, inspirado no histórico álbum coletivo lançado por Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Tom Zé, Mutantes, Nara Leão, Torquato Neto, Capinam e o maestro Rogério Duprat em 1968.
* Segundo Arnaldo Antunes, "este livro é uma reflexão sobre o disco-manifesto 'Tropicália', mas também um reflexo do que ele semeou". Isso porque cada canção do LP, pérolas como "Baby", "Panis et Cicencis" e "Lindonéia", foi reinterpretada por um artista plástico. Estão na lista os grandes Aguilar, Guto Lacaz, Gringo Cardia, Lenora de Barros e Adriana Ferla, André Vallias, Ray Vianna, Ailton Krenak, Nelson Provazi, Rico Lins, Leandro Feigenblatt e Ernane Cortat.
* Além das imagens, os escritores Antonio Risério, Jorge Mautner, Bráulio Tavares, Newton Cannito, Manuel da Costa Pinto, Frederico Coelho, Bené Fonteles, Cristopher Dunn, Viviane Mosé, Aguilar, Noemi Jaffe e Hermano Vianna prepararam textos, um para cada faixa. A edição é lindíssima.
A baiana Ana de Oliveira, na infância, ouvia sempre o "Hino do Senhor do Bonfim", que tocava ao meio-dia no rádio, enquanto ela se arrumava para ir à escola. Quando conheceu a gravação do disco-manifesto "Tropicália ou panis et circencis", ela se impressionou com a presença da canção religiosa num álbum com tamanho teor crítico. Aquele fascínio e a tentativa de entender a aparente contradição deram início à sua relação com o movimento, que anos depois se tornou objeto central de seus estudos. Agora, a pesquisadora assina a organização de um livro que, com o mesmo nome do disco, lança novos olhares sobre seu velho conhecido.
A luxuosa edição bilíngue (Iyá Omin Produções), realizada graças ao patrocínio da Petrobras, reúne ensaios sobre cada uma das 12 canções do álbum, feitos por nomes como Hermano Vianna, Viviane Mosé e Jorge Mautner. Artistas plásticos também deram leituras suas, que ilustram o livro - a primeira edição traz os cartazes dos trabalhos.
- Com o "Hino do Senhor do Bonfim", os tropicalistas incluíram a religiosidade em seu projeto, com uma postura crítica, mas ao mesmo tempo assumindo essa religiosidade - avalia Ana. - Um movimento semelhante ao que fizeram com "Coração materno", de Vicente Celestino, considerada cafona.
Esse olhar afetuoso e crítico dos tropicalistas é lembrado em diferentes ensaios do livro. E, mais que isso, guia o próprio conceito da edição.
- Pensava em reunir ensaios inéditos sobre as canções, mas não queria análises estilísticas ou formalistas, em tom acadêmico. Minha ideia era ter ensaios afetuosos, poéticos, filosóficos. O de Mautner sobre o "Hino do Senhor do Bonfim", por exemplo, é um alumbramento - conta a pesquisadora. - Queria também um painel diverso, com pessoas como Antonio Risério, que costuma refletir sobre o tropicalismo, e outras como Newton Cannito, que nunca tinha escrito sobre o tema.
A proposta foi bem-sucedida em refletir a diversidade. Mautner delira extasiado com a riqueza de "um hino que nos convoca a celebrar a paz e a concórdia ao mesmo tempo em que celebra a vitória em batalha" e que realiza "a simultaneidade do profano com o sagrado". Em "Mamãe coragem", Braulio Tavares nota que o carinho ácido que a personagem (uma jovem que abandonou a casa dos pais) demonstra pela mãe é o mesmo dos tropicalistas para com as tradições ("Não se trata de destruir o mundo velho, mas simplesmente mudar-se para o mundo ao lado e recomeçar. Os tropicalistas eram capazes de comover-se com uma coisa e rir dela ao mesmo tempo"). Já Aguilar prefere imaginar um diálogo no futuro para falar com distanciamento da grandeza épica de "Coração materno" - "(...) Tão cafona e kitsch como as tragédias gregas de Eurípedes, as óperas de Wagner e as pinturas de Andy Warhol".
A ideia de trazer artistas plásticos para o projeto veio naturalmente, quando Ana se deu conta das inúmeras imagens que saltam das letras do álbum:
- Elas vão desde o surrealismo de "Panis et circencis" até a força dos versos de "Lindoneia", de "cachorros mortos nas ruas", de "frutas sangrando". E, por essas imagens fortes, foi surpreendente a leitura minimalista, bossanovista, que Lenora de Barros fez da canção.
Além de Lenora (que assina o trabalho com Adriana Ferla), estão no livro, entre outros, Gringo Cardia, Guto Lacaz e o coletivo americano assume vivid astro focus. A pesquisadora procurou manter a mesma pluralidade de olhares dos ensaios:
- Chamei o líder indígena Ailton Krenak para reler "Três caravelas" (rumba cubana sobre a chegada de Colombo à América que ganhou versão jocosa de Braguinha). Temi pela reação, mas as pessoas acharam a ideia ótima, Caetano inclusive.
A ideia de Ana era que o livro trouxesse encartado o LP - seu formato é exatamente do tamanho de um disco de vinil:
- Cheguei a conversar com Charles Gavin a respeito, mas os custos altíssimos de prensagem e licenciamento inviabilizaram a proposta.
Lançado em 1968, o disco Tropicália: ou Panis et circencis, criação coletiva liderada por Caetano Veloso e Gilberto Gil em parceria com Tom Zé, Os Mutantes, os poetas Capinan e Torquato Neto e o maestro Rogério Duprat, é um dos mais importantes da música popular brasileira, um dos momentos mais experimentais do movimento renovador que seria o tropicalismo. Agora, um livro resgata e reinterpreta a coletânea. Em Tropicália ou Panis et circencis (Iyá Omin, 130 páginas, R$ 153,00), idealizado e organizado pela pesquisadora baiana Ana de Oliveira, pensadores de diversas áreas assinam artigos sobre cada uma das canções do álbum homônimo.
Entre os autores estão pessoas bastante próximas ao tema, como os antropólogos Antonio Risério e Hermano Vianna e o músico Jorge Mautner, que trataram, respectivamente, das músicas Batmakumba, Hino do Senhor do Bonfim e Miserere Nobis. Viviane Mosé, Aguilar, Bené Fonteles, Bráulio Tavares, Christopher Dunn, Frederico Coelho, Manuel da Costa Pinto, Newton Cannito e Noemi Jaffe são os outros autores. A edição é bilíngue [em inglês], com ilustrações, e tem o tamanho do encarte de um vinil.
Cada uma das músicas também foi traduzida para as artes visuais. São 12 cartazes de 93 x 62 cm que acompanham o livro. A autoria é de nomes tão díspares quanto o coletivo internacional assume vivid astro focus, que traduziu para imagens a música Panis et Circencis, e o líder indígena Ailton Krenak, responsável pelo cartaz de Três caravelas. Como com os artigos, a diversidade das imagens faz sentido com a ideia do álbum. Os outros cartazes foram criados por Guto Lacaz, Aguilar, Lenora de Barros, Gringo Cardia, André Vallias, Ailton Krenak, Ernane Cortat, Ray Vianna, Leandro Feigenblatt, Nelson Provazi, Adriana Ferla e Rico Lins.
Na contracapa, o poeta e músico Arnaldo Antunes escreve que a tropicália “mudou definitivamente nossa sensibilidade e mentalidade estética, política e comportamental”. Os artigos tratam dessa mudança, lembrando sempre a confluência de temas que foi o tropicalismo: o erudito com o popular, o nacional com o estrangeiro, o novo com o velho. Tropicália..., o livro, trata o disco como um manifesto radical da cultural brasileira, um extremo da ideia de antropofagismo do poeta Oswald de Andrade, descendente da Semana de Arte Moderna e do Movimento Concretista, bem como um produto de uma cultura que incluía o cinema de Glauber Rocha e Rogério Sganzerla e o teatro de José Celso Martinez Corrêa.
Apesar do tropicalismo ser visto às vezes mais como uma expressão estética e comportamental, há em Tropicália... uma visão do movimento como algo mais crítico, embora não seja essa a crítica mais fácil e direta da canção meramente política, e sim algo mais sofisticado, irônico, e também apaixonado.
O livro mostra também como aquele grupo que encontrou uma voz autêntica influenciou a cultura das décadas seguintes no país, seja no trabalho de outros artistas, ou na vida dos próprios membros do movimento - Gilberto Gil foi ministro da Cultura de 2003 a 2008, Caetano Veloso lançou um disco (Cê) em 2006 em que buscava novas influências estrangeiras, Tom Zé foi redescoberto no exterior por David Byrne na década de 1990. Por outro lado, hoje temos também uma aceitação um pouco não crítica da tropicália e de seus sucessores. Talvez fosse o caso não de olhar apenas para forma como a cultura foi entendida em Tropicália: ou Panis et circencis, o disco, mas de aprender como eles que toda expressão é válida na construção de uma linguagem própria.
Com 43 anos completos, a revolução formal conduzida por Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Tom Zé, Rogério Duprat e Mutantes continua alimentando nossos artistas -dentro e fora do ambiente da música popular.
Organizado pela pesquisadora Ana de Oliveira, o livro "Tropicália ou Panis et Circencis", com lançamento hoje, às 20h, na Cinemateca (lgo. Senador Raul Cardoso, 207; tel. 0/xx/11/3512-6111), vem somar aos inúmeros estudos, análises e ensaios já existentes sobre esse tema.
Ana convidou ensaístas e artistas visuais para recriarem, em textos e imagens, cada uma das 12 faixas do álbum homônimo. O volume, de 130 págs., acompanha 12 cartazes de 93 x 62 cm. Os textos ficaram a cargo de Jorge Mautner, Hermano Vianna, Viviane Mosé, Antônio Risério, Aguilar, Bené Fonteles, Bráulio Tavares, Christopher Dunn, Frederico Coelho, Manuel da Costa Pinto, Newton Cannito, Noemi Jaffe e Arnaldo Antunes.
"A ideia era não fazer um livro de ensaios críticos, mas fugir do tom acadêmico", ela diz. "Queria que os textos incluíssem a questão emocional, em que estivesse presente o afeto dos ensaístas sobre a obra em questão."
A lista de artistas plásticos inclui Guto Lacaz, Aguilar, Lenora de Barros, Gringo Cardia, André Vallias, Ailton Krenak, Ernane Cortat, Ray Vianna, Leandro Feigenblatt, Nelson Provazi, Adriana Ferla, Rico Lins e o coletivo assume vivid astro focus.
Segundo Lenora, entrar em contato íntimo com o álbum só torna ainda mais clara a importância dele no contexto artístico nacional. "Assim que fui trabalhar em cima da "Lindonéia" (canção de Caetano que, por sua vez, foi inspirada em quadro de Rubens Gerchman), tive certeza que, via Caetano, a Lindonéia do Gerchman sempre esteve em mim, presente no meu trabalho", diz.
"AMÁLGAMA"
Lançado em 1968, o LP "Tropicália ou Panis et Circencis" regulamentava, em manifesto sonoro, os explosivos conceitos já expostos por Caetano, Gil, Mutantes e o maestro Rogério Duprat no festival da Record de 1967.
Terminava de dinamitar, sem caminho de volta, muitos dos padrões estabelecidos da MPB de então, rompendo fronteiras entre bom e mau gosto, direita e esquerda, nacional e estrangeiro.
"Mais do que mistura ou miscigenação, o tropicalismo promoveu a amálgama", diz Mautner. "O disco realiza a profecia do Walt Whitman, poeta americano, que diz que o vértice da humanidade será o Brasil. Ou o mundo se brasilifica, ou virará nazista."
"Tropicália ou Panis et circencis", o livro, resgata e reinterpreta o álbum homônimo de 1968, criação de um coletivo liderado por Caetano Veloso e Gilberto Gil
RENAN DISSENHA FAGUNDES
Lançado em 1968, o disco Tropicália: ou Panis et circencis, criação coletiva liderada por Caetano Veloso e Gilberto Gil em parceria com Tom Zé, Os Mutantes, os poetas Capinan e Torquato Neto e o maestro Rogério Duprat, é um dos mais importantes da música popular brasileira, um dos momentos mais experimentais do movimento renovador que seria o tropicalismo. Agora, um livro resgata e reinterpreta a coletânea. Em Tropicália ou Panis et circencis (Iyá Omin, 130 páginas, R$ 153,00), idealizado e organizado pela pesquisadora baiana Ana de Oliveira, pensadores de diversas áreas assinam artigos sobre cada uma das canções do álbum homônimo.
Entre os autores estão pessoas bastante próximas ao tema, como os antropólogos Antonio Risério e Hermano Vianna e o músico Jorge Mautner, que trataram, respectivamente, das músicas Batmakumba, Hino do Senhor do Bonfim e Miserere Nobis. Viviane Mosé, Aguilar, Bené Fonteles, Bráulio Tavares, Christopher Dunn, Frederico Coelho, Manuel da Costa Pinto, Newton Cannito e Noemi Jaffe são os outros autores. A edição é bilíngue [em inglês], com ilustrações, e tem o tamanho do encarte de um vinil.
Cada uma das músicas também foi traduzida para as artes visuais. São 12 cartazes de 93 x 62 cm que acompanham o livro. A autoria é de nomes tão díspares quanto o coletivo internacional assume vivid astro focus, que traduziu para imagens a música Panis et Circencis, e o líder indígena Ailton Krenak, responsável pelo cartaz de Três caravelas. Como com os artigos, a diversidade das imagens faz sentido com a ideia do álbum. Os outros cartazes foram criados por Guto Lacaz, Aguilar, Lenora de Barros, Gringo Cardia, André Vallias, Ailton Krenak, Ernane Cortat, Ray Vianna, Leandro Feigenblatt, Nelson Provazi, Adriana Ferla e Rico Lins.
Na contracapa, o poeta e músico Arnaldo Antunes escreve que a tropicália “mudou definitivamente nossa sensibilidade e mentalidade estética, política e comportamental”. Os artigos tratam dessa mudança, lembrando sempre a confluência de temas que foi o tropicalismo: o erudito com o popular, o nacional com o estrangeiro, o novo com o velho. Tropicália..., o livro, trata o disco como um manifesto radical da cultural brasileira, um extremo da ideia de antropofagismo do poeta Oswald de Andrade, descendente da Semana de Arte Moderna e do Movimento Concretista, bem como um produto de uma cultura que incluía o cinema de Glauber Rocha e Rogério Sganzerla e o teatro de José Celso Martinez Corrêa.
Apesar do tropicalismo ser visto às vezes mais como uma expressão estética e comportamental, há em Tropicália... uma visão do movimento como algo mais crítico, embora não seja essa a crítica mais fácil e direta da canção meramente política, e sim algo mais sofisticado, irônico, e também apaixonado.
O livro mostra também como aquele grupo que encontrou uma voz autêntica influenciou a cultura das décadas seguintes no país, seja no trabalho de outros artistas, ou na vida dos próprios membros do movimento - Gilberto Gil foi ministro da Cultura de 2003 a 2008, Caetano Veloso lançou um disco (Cê) em 2006 em que buscava novas influências estrangeiras, Tom Zé foi redescoberto no exterior por David Byrne na década de 1990. Por outro lado, hoje temos também uma aceitação um pouco não crítica da tropicália e de seus sucessores. Talvez fosse o caso não de olhar apenas para forma como a cultura foi entendida em Tropicália: ou Panis et circencis, o disco, mas de aprender como eles que toda expressão é válida na construção de uma linguagem própria.O compositor Jorge Mautner, o sociólogo Hermano Vianna e os artistas Guto Lacaz e Lenora de Barros, entre outros, reinterpretaram com textos e ilustrações as músicas do disco "Tropicália ou Panis et circencis", de 1968. O resultado é o livro com o mesmo nome, organizado por Ana de Oliveira, que será lançado em novembro.
Organizado pela pesquisadora baiana Ana de Oliveira, o livro homônimo traz diversos artigos assinados por pensadores de diferentes campos. De antropólogos à músicos o livro conta com nomes como: Hermano Vianna, Antonio Risério, Manuel da Costa Pinto, Viviane Mosé, Bené Fonteles, Christopher Dunn, Aguilar, Noemi Jaffe, Frederico Coelho, Bráulio Tavares e Newton Cannito.
Os autores discorrem sobre as faixas como Batmakumba, Misere Nobis e Hino do Senhor do Bonfim em uma edição bilíngue ( inglês/português) de 130 páginas lançada pela editora Iyá Omin.
Além do conteúdo textual a edição, que tem as dimensões de um encarte de disco de vinil, possui ilustrações de doze cartazes de 93×62. O trabalho gráfico reinterpreta uma das obras mais clássicas da MPB através da arte visual. Quem assina é outro coleção de artistas: Aguilar (que também escreve), Leandro Feigenblatt, Gringo Cardia, Guto Lacaz, Rico Lins, Lenora de Barros, Adriana Ferla, Ailton Krenak, André Vallias, Ray Vianna, Ernane Cortat e Nelson Provazi.
A cereja do bolo é a contracapa assinada por Arnaldo Antunes que escreve sobre como a Tropicália mudou não só o cenário musical, mas como também alterou sensivelmente aspectos sociais e políticos através de sua influência.
Dias atrás Ana de Oliveira recebeu amigos e colaboradores em São Paulo no lançamento do livro e o evento, que apresentou ampliações os cartazes publicados na edição, também foi o relançamento do site www.tropicalia.com.br, que está no ar há 10 anos e passou por uma grande reformulação.
Este plano de aula está ligado à reportagem 'Desenhe esta canção', da BRAVO! de novembro de 2010.
Elisa Meirelles
Objetivos
Entrar em contato com renomadas produções musicais da MPB de diferentes épocas e estilos;
Ampliar o repertório musical do aluno;
Reconhecer o procedimento de criação de uma ilustração;
Contextualizar a ilustração como expressão visual contemporânea;
Transpor uma expressão artística musical/escrita para outra, visual
Conteúdos
Cultura musical brasileira;
Releitura;
Ilustração contemporânea.
Tempo estimado
Cinco aulas
Material necessário:
Aparelho de som;
Letras das canções impressas;
Papel para desenho tamanho A3;
Lápis grafite;
Lápis de cor;
Papeis coloridos;
Cola e tesoura;
Revistas e jornais;
Materiais diversos: contas coloridas, penas, tecidos, palitos, areia etc.
Desenvolvimento
1ª aula - entrando em contato com a MPB
Inicie a aula apresentando aos alunos a letra da música "Construção", de Chico Buarque http://letras.terra.com.br/chico-buarque/45124/. Se for possível, projete a letra no quadro. Caso contrário, entregue cópias aos alunos. Pergunte à classe se alguém já ouviu essa canção.
Diga aos alunos que "Construção" é considerada por muitos como a melhor criação musical brasileira. Reproduza para os alunos a versão original da música, cantada pelo autor.
Comente com a classe que outras canções da mesma época disputam espaço nas listas de melhores do país. Pergunte se algum aluno já ouviu falar, por exemplo, sobre o movimento Tropicalista, do qual fazem parte as músicas "Panis et Circencis", do grupo Os Mutantes, e "Alegria, Alegria", de Caetano Veloso.
Projete no quadro o seguinte fragmento da reportagem Desenhe esta canção, publicada na BRAVO! de novembro de 2010:
"O termo Tropicália batizou o mais radical movimento cultural já surgido no país. Nada ficou de pé. Suas cores, aliadas aos sons das guitarras se opunham ao tom cinzento e ao conservadorismo musical das canções de protesto. As ideias sobre o Brasil, embutidas nas letras dos tropicalistas minaram a divisão entre direita e esquerda, uma bipolaridade que só seria questionada muitos anos mais tarde com a queda do Muro de Berlim."
Faça uma leitura compartilhada da letra da música "Panis Et Circenses" e reproduza-a para a turma. http://letras.terra.com.br/mutantes/47544/.
Para finalizar, proponha que cada aluno traga, na aula seguinte, os nomes de três músicas brasileiras que considere as melhores existentes. Lembre a turma de anotar os autores das canções escolhidas.
2ª aula: mais audições e o trabalho com ilustração
Inicie a aula ouvindo as sugestões de músicas trazidas pela classe. Anote no quadro as canções propostas e faça uma votação para escolher as dez melhores. Deixe o nome delas anotado e apague os outros.
Reproduza novamente a música "Panis et Circencis", dos Mutantes. Indague o que os alunos acham dela. Explique que a canção faz parte de um álbum chamado "Tropicália ou Panis et Circencis" (Vários, 1968), elaborado coletivamente por Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Os Mutantes,Tom Zé, Torquato Neto, Capinam e o maestro Rogério Duprat. O disco como um todo é considerado um dos dez melhores da música brasileira.
Em seguida, pergunte aos alunos como eles imaginariam essa musica, se ela fosse uma imagem. Dê um tempo para que a turma apresente suas ideias. Em seguida, apresente à classe a obra do coletivo Assume Vivid Astro Focus, criada como uma reinterpretação da canção dos Mutantes.
Peça que os alunos comentem a obra, descrevam o que veem e quais materiais foram usados.ca
Explique à classe que o quadro faz parte de uma proposta da pesquisadora Ana de Oliveira. Quarenta anos depois do lançamento de Tropicália, ela convidou diversos escritores e artistas plásticos para criarem releituras de cada uma das músicas do disco. Apresente algumas obras do livro.
Dê uma atenção especial à representação da música "Hino ao Senhor do Bonfim". Destaque para a classe os diferentes materiais usados no quadro.
Proponha então uma atividade à turma. Sugira que os estudantes se coloquem em duplas para criar ilustrações para as dez canções listadas no início da aula.
Sorteie a música de cada dupla, distribua as letras e reserve o resto da aula para a criação dos primeiros rascunhos.
3ª aula: criando ilustrações
Organize uma mesa no centro da classe com alguns livros que possuam diferentes ilustrações. Apresente à turma também as obras da Sociedade dos Ilustradores do Brasil, disponíveis no site http://www.sib.org.br/.
Comente com os alunos que uma ilustração não precisa necessariamente reproduzir parte de um texto. Cabe ao ilustrador apresentar sua versão da obra, recriando-a em outra linguagem, com base em sua própria percepção.
Dê um tempo para que a turma crie. Aproveite para reproduzir em sala as canções escolhidas pela classe.
4ª aula: finalização das ilustrações
Utilize a última aula para finalizar o processo de criação.
Quando a classe terminar, exponha as ilustrações ao lado da letra das canções correspondentes. Solicite que os alunos comparem as diferentes interpretações feitas para cada música.
Peça para que apontem os resultados mais satisfatórios e aproveite o momento para valorizar trabalhos mais arrojados visualmente.
Avaliação
Retome a lista das melhores músicas escolhidas pelos alunos. Proponha como atividade de avaliação que cada aluno escolha uma música da lista e crie, em casa, uma interpretação visual. Explique que o trabalho pode ser fotografia, pintura, desenho, colagem ou modelagem.
Deixe claro para a turma os critérios serão considerados na avaliação. Por exemplo: bom acabamento, relação entre o texto e o trabalho criado, intencionalidade das escolhas.
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Consultoria Carlos Arouca, professor de Arte da Escola da Vila e da Escola Vera Cruz, em São Paulo
Em 1968, o AI-5 legalizou a temporada de extrema violência do regime militar brasileiro. O decreto deu poderes absolutos ao governo ditatorial, e a linha dura da época foi revista no mesmo ano por um manifesto antológico: o disco feito coletivamente por Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Mutantes, Tom Zé, Torquato Neto, Capinam e o maestro e arranjador Rogério Duprat. O álbum Tropicália ou Panis et Circencis nasceu há mais de quatro décadas para revolucionar as artes e agora desembarca em livro descrito pelo olhar do desenho e da prosa.
Sob a batuta de Ana de Oliveira, pensadores e artistas plásticos criaram obras que traduzem cada uma das 12 faixas marcantes na trajetória da cultura nacional. A obra lançada este mês pela editora Iyá Omin, com patrocínio da Petrobras, contém ilustrações e artigos de nomes como Eli Sudbrak, Viviane Mosé, Gringo Cardia e Guto Lacaz, descrevendo as canções feitas em um período conturbado e rico da história nacional, como diz prefácio assinado por Arnaldo Antunes.
“Este livro é uma reflexão sobre o disco-manifesto Tropicália, mas também um reflexo do que ele semeou. As diferentes abordagens, estilos, pontos de vista e criações gráficas a partir de suas doze canções, ilustram, em seu mosaico diversificado, o quanto aquelas conquistas encarnaram em nossa realidade cultural o espírito de invenção, de mistura, de afirmação vital das nossas potencialidades”.
+ Tropicália ou Panis et Circencis, R$ 153Leitura da boa: o livro de Ana Oliveira, Tropicália ou Panis et Circencis, da editora Iyá Omin. Convidados ilustres fazem interpretações livres do disco que marcou a história cultural do país. Que eu amo tem Hermano Vianna ("Miserere Nobis"), Jorge Mautner ("Hino do Senhor do Bonfim"), Gringo Cardia ("Baby") e assume vivid astro focus ("Panis et Circencis"). E que eu descobri e achei lindo também tem o Leandro Feigenblatt (com uma xilogravura para "Coração Materno", de Vicente Celestino.
O formato é incrível, um livrão lindo, com adaptações das artes, abriga os ensaios. Além disso, 12 cartazes garantem intervenções que resgatam a memória plástica do movimento. Era de se esperar um trabalho tão incrível, afinal de contas, Ana pesquisa o tem há 12 anos e tem um acervo gigante de informações e imagens que compartilha no site, desde 2000. Dá pra achar nas melhores livrarias, por R$153.
Dica: aprecie ouvindo o disco no último volume! "Você precisa aprender inglês/Precisa aprender o que eu sei/ E o que eu não sei mais..."
Em livro, artistas revivem em textos e imagens sentimentos despertados por cada canção do clássico LP
Em 1968, o disco-manifesto Tropicália ou Panis et Circencis deu padrão ao que seria a tropicália, movimento já revelado, no ano anterior, por Caetano Veloso, Gilberto Gil e Os Mutantes no festival da TV Record. Passados 42 anos desde seu lançamento, o álbum virou tema de livro homônimo, organizado pela pesquisadora Ana Oliveira.
Textos e imagens foram os instrumentos usados pelos cerca de 25 artistas que buscaram revelar os sentimentos despertados por cada uma das 12 faixas do disco. Bráulio Tavares, Newton Cannito e Jorge Mautner fazem parte do time de 12 ensaístas que escreveram os artigos do livro. O cantor Arnaldo Antunes é quem assina a contracapa.
As imagens, que vão de ilustrações digitais até pinturas abstratas, são realizadas por uma lista de artistas plásticos que inclui Aguilar, Guto Lacaz, Ernane Cortat, Nelson Provazi e o coletivo assume vivid astro focus. As criações gráficas acompanham o volume em cartazes de 93 x 62 centímetros.
Gal Costa, Nara Leão, Tom Zé e Os Mutantes participaram do projeto do LP Tropicália ou Panis et Circencis ,que, capitaneado por Caetano Veloso e Gilberto Gil, teve colaboração de Rogério Duprat, maestro que cuidou dos arranjos das 12 músicas do álbum de 1967.
"Baby" (Caetano) foi o grande hit do disco, que tem, ainda, "Miserere Nóbis", escrita por Gil em parceria com o poeta Capinan, e "Panis et Circencis", um sucesso de Caetano e Gil consagrado pelos Mutantes.
Apesquisadora baiana Ana de Oliveira convocou uma falange de artistas para traduzir visualmente cada uma das composições do seminal álbum Tropicália ou Panis & Circenses. O resultado está no livro homônimo, que sairá na próxima semana pela editora Iyá Omin. Além das releituras visuais, a publicação também apresenta ensaios com considerações teóricas ou inflexões poético-filosóficas sobre as canções, assinados por bambas como Jorge Mautner, Hermano Vianna, Aguilar, Bené Fonteles, Bráulio Tavares, Noemi Jaffe, dentre outros. Tropicália foi um marco na cultura brasileira, um disco-manifesto de 1968 que lançou as bases para uma revolução que até hoje reverbera e que apresentou ao mundo artistas incríveis: Mutantes, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Tom Zé, Torquato Neto, Capinam. Todos sob a batuta do maestro e arranjador Rogério Duprat. Enquanto o livro não chega, dá uma conferida no hotsite www.tropicalia.com.br/livro.
Leonardo Brant
O projeto editorial “Tropicália ou Panis et circencis”, coordenado por Ana de Oliveira, convidou ensaístas e artistas visuais para recriarem, em textos e imagens, cada uma das doze faixas do álbum homônimo de 1968. Idealizado e organizado pela pesquisadora Ana de Oliveira, a obra foi lançada na semana passada pela editora Iyá Omin.
Os textos ficaram a cargo de Jorge Mautner, Hermano Vianna, Viviane Mosé, Antônio Risério, Aguilar, Bené Fonteles, Bráulio Tavares, Christopher Dunn, Frederico Coelho, Manuel da Costa Pinto, Newton Cannito, Noemi Jaffe e Arnaldo Antunes.
Já a lista de artistas plásticos inclui Guto Lacaz, Aguilar, Lenora de Barros, Gringo Cardia, André Vallias, Ailton Krenak, Ernane Cortat, Ray Vianna, Leandro Feigenblatt, Nelson Provazi, Adriana Ferla, Rico Lins e o coletivo assume vivid astro focus.
Concretizado com patrocínio da Petrobras e do Ministério da Cultura, o livro “Tropicália ou Panis et Circencis’’, vem somar aos inúmeros estudos, análises e ensaios já existentes sobre esse tema, o livro possui 130 págs., vem em uma caixa e acompanha doze cartazes de 93 x 62 cm.
Ana de Oliveira estuda o movimento tropicalista há 12 anos. Pesquisadora e editora, Ana possui um extenso acervo documental e imagético com rariadades que foi reunindo ao longo dos anos e que hoje formam um pequeno museu particular sobre o tema. É autora do site Tropicália - www.tropicalia.com.br